Dicas de Língua Portuguesa - Próclise obrigatória com a palavra “que”?
- lleticiabstee
- 23 de jul.
- 2 min de leitura

A colocação pronominal é um tema vasto e rico que requer atenção. Os pronomes oblíquos átonos – o, os, a, as, lhe, lhes, me, te, se, nos e vos – podem se posicionar antes (próclise), no meio (mesóclise) ou depois (ênclise) do verbo. Há casos que obrigam a ocorrência de próclise. Dentre esses casos, um que costuma gerar questionamentos é a palavra “que”. Quando esse termo será fator atrativo?
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Veja os exemplos a seguir:
1) A mulher afirmou que me conhecia.
2) Esse foi o contato que lhe passaram.
3) O homem é que nos deve.
Na frase 1, a próclise em “me conhecia” ocorre devido à presença da conjunção integrante “que”, a qual introduz a oração subordinada substantiva objetiva direta “que me conhecia” (complementa o verbo “afirmar”). Conjunções subordinativas (incluindo as integrantes) funcionam como elementos atrativos, impondo a próclise.
Na frase 2, a próclise em “lhe passaram” se justifica pela presença do pronome relativo “que”, o qual introduz a oração subordinada adjetiva restritiva “que lhe passaram”, referindo-se a “contato”. Pronomes relativos também funcionam como atrativos, gerando a próclise observada na oração.
Na frase 3, porém, “que” não é fator de próclise, isto é, não se configura como elemento atrativo de pronome oblíquo átono. Isso porque compõe a expressão expletiva (de realce) “é que” – termo expletivo não é atrativo. Repare que a frase pode ser reescrita, sem qualquer prejuízo, da seguinte maneira: “O homem nos deve”. Assim, a ênclise é permitida nesta construção, pois o termo “O homem” (sujeito), anteposto ao pronome e ao verbo, faculta a próclise ou a ênclise. Logo, há outra possibilidade de escrita aqui: “O homem é que deve-nos”.
ATENÇÃO: muitas vezes, entende-se que, para haver próclise, o pronome oblíquo átono precisa estar imediatamente após o elemento atrativo, mas nem sempre isso acontece. Veja:
4) É necessário que todos se disponibilizem.
Aqui, há um elemento intercalado entre a conjunção integrante “que” e o pronome oblíquo átono “se” – “todos”, o sujeito da oração. Isso não invalida a força de atração da conjunção integrante, que está na mesma oração na qual o pronome se encontra. Por isso, ocorre a próclise.
Bons estudos! Até a próxima!
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