Dicas de Língua Portuguesa - Concordância com “você”
- lleticiabstee
- há 17 minutos
- 3 min de leitura

É bastante comum que, coloquialmente – isto é, na linguagem oral e espontânea –, por não nos monitorarmos tanto em relação ao emprego de certas normas gramaticais, deixemos de promover a concordância em algumas situações. Uma delas é quando utilizamos o pronome “você(s)”. Domine Português para Concursos – Baixe Agora o E-book Gratuito do Prof. Xandão
Recorrentemente, no português brasileiro, lidamos com nossos interlocutores tratando-os por “você(s)”. No plano do discurso, esse pronome representa a segunda pessoa, pois refere-se àquele com quem falamos, a quem nos dirigimos. Contudo, no âmbito gramatical, “você(s)” promove concordância com a terceira pessoa; isso significa que verbos e outros pronomes devem ser flexionados em terceira pessoa para concordarem com “você(s)”. Veja:
1) Vocês fizestes a tarefa? => ERRADO
O verbo “fizestes” está flexionado na segunda pessoa do plural (vós). Para que seu uso esteja gramaticalmente adequado, deve ser flexionado em terceira pessoa do plural, concordando com “vocês”: “Vocês fizeram a tarefa?”
2) Ana, você sabe que eu te amo. => ERRADO
O pronome oblíquo átono “te” corresponde à segunda pessoa do singular (tu). Para que seu uso esteja gramaticalmente adequado, deve ser empregado um pronome oblíquo átono de terceira pessoa do singular, concordando com “você”: “Ana, você sabe que eu a amo.”
3) Acorda, filho! Eu já te despertei várias vezes e você não levanta! => ERRADO
O verbo “Acorda” está flexionado na segunda pessoa do singular (tu), no modo imperativo, e o pronome oblíquo átono “te” corresponde à segunda pessoa do singular (tu). Para que o uso do verbo e do pronome esteja gramaticalmente adequado, devem ser flexionados em terceira pessoa do singular, concordando com “você”: “Acorde, filho! Eu já o despertei várias vezes e você não levanta!”
4) Vocês podem conferir o portal: eu já vos enviei a nota referente à última prova. => ERRADO
O pronome oblíquo átono “vos” corresponde à segunda pessoa do plural (vós). Para que seu uso esteja gramaticalmente adequado, deve ser empregado um pronome oblíquo átono de terceira pessoa do plural, concordando com “vocês”: “Vocês podem conferir o portal: eu já lhes enviei a nota referente à última prova.”
5) Luiz, confiamos em você e te promovemos, por isso teu salário será maior. => ERRADO
O pronome oblíquo átono “te” e o pronome possessivo “teu” correspondem à segunda pessoa do singular (tu). Para que o uso dos pronomes esteja gramaticalmente adequado, devem ser empregados um pronome oblíquo átono e um pronome possessivo de terceira pessoa do singular, concordando com “você”: “Luiz, confiamos em você e o promovemos, por isso seu salário será maior.”
Vale ressaltar que, se o tratamento dado ao interlocutor for “tu” / “vós” (menos comum no português brasileiro contemporâneo), e não “você(s)”, toda a concordância será realizada em segunda pessoa. Veja como ficariam os exemplos acima:
- Vós fizestes a tarefa?
- Ana, tu sabes que eu te amo.
- Acorda, filho! Eu já te despertei várias vezes e tu não levantas!
- Vós podeis conferir o portal: eu já vos enviei a nota referente à última prova.
- Luiz, confiamos em ti e te promovemos, por isso teu salário será maior.
ATENÇÃO: Para saber qual pronome oblíquo átono de terceira pessoa empregar com “você(s)”, é preciso observar a transitividade do verbo que o exige – “o(s)” e “a(s)” são empregados como objeto direto, enquanto “lhe(s)” é usado como objeto indireto. Para expandir o assunto, confira nossa matéria sobre o tema aqui no blogue: “Pronomes oblíquos átonos como complementos verbais: OD ou OI?”.
Observe que, nos exemplos 2, 3 e 5, são empregados os pronomes “a”, “o” e “o” (concordando em gênero com “Ana”, “filho” e “Luiz”), respectivamente, que funcionam como objeto direto, para complementar os verbos “amar”, “despertar” e “promover”, todos transitivos diretos – quem ama, ama alguém; quem desperta, desperta alguém; quem promove, promove alguém. Já no exemplo 4, foi usado o pronome “lhes”, que funciona como objeto indireto, a fim de complementar o verbo “enviar”, bitransitivo – quem envia, envia algo a alguém.
Hoje, ficamos por aqui. Continue estudando e até a próxima!
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